terça-feira, 28 de setembro de 2010

em homenagem a certos coletivos unitários do cafil, posto um belo manifesto dos niilistas vikings para que todos possam também se deliciar com o absurdo.

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um coletivo. de dois, cinco, sete milhões e quarenta e nove mil, de um. não importa a aglomeração pois tudo se circunferencia. no absurdo, na estetização política e na politização estética. pixado num banheiro ou reluzindo num outdoor neon, é tudo sujeira do mesmo saco. mas nossa sujeira pode ser bonita. o choque do guache no papel pardo tem o mesmo poder do sangue vertendo do corpo. ou os dois não tem poder algum. é tudo questão de posicionamento imaginário.
dos primórdios estupros do oceano aos mujiques russos transtornados, da confusão caótica cosmogônica a uma ontologia rizomática, jazem e renascem os niilistas vikings.
à espreita da penumbra na madrugada e aos gritos matinais do ru, estamos plantados e voando aos ventos. esperem pela nossa brisa ou tornado sedutor.
eles, rien, nós.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

"E, tu, videira? Por que me louvas? Mas se te cortei! Eu sou cruel, tu sangras: que pretende o
teu elogio da minha ébria crueldade?
“Tudo o que se tornou perfeito, tudo o que está maduro – quer morrer!”, assim falas.
Abençoada, abençoada seja a tesoura do vindimador! Mas tudo o que não amadureceu quer viver; oh, dor!
A dor diz: “Passa, momento!” Mas o que sofre quer viver, para tornar-se maduro e
prazenteiro e almejar –
Almejar algo mais longínquo, mais elevado, mais claro. “Quero herdeiros”, diz o que sofre,
“quero filhos, não me quero a mim”.
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O prazer, porém, não quer herdeiros, não quer filhos – o prazer quer a si mesmo, quer
eternidade, quer retorno, quer tudo eternamente igual a si mesmo.
Diz a dor: “Despedaça-te, sangra, coração! Caminha, perna! Voa, asa! Para a frente! para o
alto! Oh, dor!” Pois muito bem! Ânimo! Ó meu velho coração! – A dor diz: “Passa, momento!”
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Ó homens superiores, que vos parece? Serei um profeta? Um sonhador? Um ébrio? Um intérprete de
sonhos? Um sino de meia-noite?
Uma gota de orvalho noturno? Um eflúvio e fragrância da eternidade? Não ouvis o som?
Não sentis o perfume? O meu mundo acabou de atingir a perfeição, a meia-noite é também meio-dia –
A dor é também um prazer, a maldição é também uma benção, a noite é também um sol; ide
embora daqui, senão aprendereis: um sábio é também um louco.
Dissestes sim, algum dia, a um prazer? Ó meus amigos, então o dissestes, também, a todo o
sofrimento. Todas as coisas acham-se encadeadas, entrelaçadas, enlaçadas pelo amor –
E se quisestes, algum dia, duas vezes o que houve uma vez, se dissestes, algum dia: “Gosto
de ti, felicidade! Volve depressa, momento!”, então quisestes a volta de tudo –
Tudo de novo, tudo eternamente, tudo encadeado, entrelaçado, enlaçado pelo amor, então,
amastes o mundo –
– Ó vós, seres eternos, o amais eternamente e para todo o sempre; e também vós dizeis ao
sofrimento: “Passa, momento, mas volta” Pois quer todo o prazer – eternidade!"

Nietzsche, Zaratustra, p. 4

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Hora de dar vazão às esquizofrenias latentes de todos nós...

Esse blog foi criado, entretanto, nunca inaugurado.

Pressões caem sobre mim me fazendo desejar escrever algo estritamente filosófico.

Mas talvez possamos usar esse espaço apenas para nos declararmos, nos declararmos enquanto indivíduos que ao menos tentam ter pensamentos meramente originais.

Ainda não tenho nenhum.

Mas pronto, o espaço está inaugurado.

Usem como quiser, sem recomendações.